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Em busca das suas raízes, brasileiros visitam terra de antepassados

  • Foto do escritor: Sara Sarinha
    Sara Sarinha
  • 15 de set. de 2016
  • 2 min de leitura

O povo brasileiro é fruto da miscigenação de diferentes grupos étnicos e de imigrantes vindos de todos os continentes. Assim, a origem de quem nasce aqui pode estar na África, na Europa e até na Ásia. Partir em busca do passado ou do elo perdido em outros países costuma ser uma viagem marcante.

Quem já conhece a história dos seus antepassados, consegue fazer esse resgate de maneira mais fácil. No entanto, para muitos negros brasileiros, descendentes de povos africanos escravizados, o destino dessa viagem de volta às raízes ainda é uma incógnita.

Era o caso do arquiteto baiano Zulu Araújo, 64, presidente da Fundação Pedro Calmon, em Salvador (BA), até ser convidado para a série de documentários "Brasil: DNA África", da produtora Cine Group.

Ele fez um exame de DNA para revelar sua ascendência. "Fiquei muito surpreso em descobrir que sou de origem tikar, uma etnia do noroeste de Camarões. Sempre pensei que poderia ser etíope ou iorubano", conta.

Depois da revelação, em 2014, Zulu partiu com a produtora em uma longa viagem por estradas precárias até Bankim, a 14 horas de carro de Yaoundé, capital de Camarões. Ele diz que o sacrifício feito – que envolveu chegar ao vilarejo, conhecer de perto a população que carrega o mesmo DNA que o seu e ser apresentado ao rei do povo tikar – valeu a pena.

"Senti uma emoção gigantesca, algo que não sai da minha cabeça. Foi como se já tivesse visto aquele lugar e aquelas pessoas antes, houve muita identidade", diz Zulu, o primeiro brasileiro descendente dos tikar a voltar ao ponto de partida de seus ancestrais.

O arquiteto ficou impressionado com o acolhimento que recebeu. "Fui recepcionado com muito carinho. Todo afrodescendente deveria ter o direito de saber sobre sua origem e de voltar à sua cidade natal como eu pude fazer", fala.

O arquiteto, já com roupas do povo tikar, pronto para conversar com o rei da tribo

O arquiteto encontrou muitas semelhanças nas cores e nos sons da cultura tikar com o lugar em que nasceu, o Solar do Unhão, em Salvador, marcado por ter sido um ponto de chegada e leilão de escravos. Além de ser recebido com uma festa para cerca de duas mil pessoas em Bankim, Zulu passou por um ritual de batismo e foi reconhecido como pertencente à etnia, ganhando até título da nobreza e um terreno no vilarejo.

Para Zulu, que desconhecia a terra dos seus antepassados e carrega o sobrenome daqueles que escravizaram sua família, assim como grande parte dos afrodescendentes, foi muito importante conhecer suas raízes. "O mais cruel que se pode fazer é roubar o nome, a identidade de alguém. Agora pelo menos tenho uma referência para contar à minha família, temos história. Foi uma odisseia inesquecível", acrescenta.


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